Gosto muito da proposta dos Doze Passos, pois já a experienciei e sei que funciona. A espiritualidade implícita neste programa pode ser vivenciada em todos os momentos, do primeiro ao décimo segundo passo.
No terceiro, após termos aceitado a nossa debilidade e termos reconhecido que um Poder Superior de nossa concepção poderia nos devolver a vida saudável, somos convidados a entregar a nossa vida e nossa vontade a este Poder Superior.
Entregar a vida ao Poder Superior é um convite gostoso. Quem não gostaria que o Deus de sua concepção cuidasse carinhosamente de sua vida, lhe oferecendo bençãos infinitas? Fácil, não?
Mas, entregar a vontade, que é a outra parte descrita no terceiro passo, é a parte mais difícil e dolorosa, que exige maior esforço de nossa parte. Por que?
A nossa vontade, o nosso desejo que nos levou ao estado em que chegamos, à ingovernabilidade de nossas próprias vidas. Seja o álcool, a droga, o relacionamento abusivo, a comida, o jogo ou o sexo, são eles os nossos objetos de desejo e entregar a vontade é abrir mão destes desejos. Nos voltamos a nossa vontade egoísta, que não nos levou a nada, e ficamos em negociação com o Poder Superior. “Deixe-me usufruir um pouco mais deste prazer, desta vontade”, pensamos.
Mas quando, definitivamente, entendermos que o Poder Superior pode, inclusive, nos ajudar a eliminar esta vontade e a entregarmos verdadeiramente em suas mãos, poderemos começar a perceber as sutis mudanças que a espiritualidade sublime desta programação nos oferece. E, assim, podemos seguir em frente, rumo à recuperação.